quarta-feira | 27 de setembro de 2006
A morte do Coronel
Principal Prova contra Carla Cepollina é o horário em que o crime ocorreu.
De personalidade forte, divide opiniões.
A advogada Liliana Prinzivalli, de 65 anos, especializada em Direita Penal, diz que só trabalha para vítimas. Costuma atuar como assistente de acusação - o profissional que para defender a vitima e sua família, ataca o réu. A defesa pelo ataque é uma das principais características da advogada, polêmica no meio Jurídico. "Ela é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. A maior maca dela é a coragem”. Disse o advogado Mauro Otávio Nacif, amigo de Liliana há cerca de 20 anos. "Ela enfrenta o mundo em defesa de seus interesses. Mas, como é muito briguenta, tem muitas inimizades".
As características que Nacif elogia, o promotor, Roberto Tardelli vê como problemáticas. “Ela divide o mundo em dois: honestos porque concordam com ela e facinorosos porque discordam.
Ele e Liliana estiveram em lados opostos no caso do professor de Direito Alcides Tomasetti Junior, acusado de matar a mulher, Denize Piovani, em 1996. No inicio da investigação, policiais e promotores concluíram que Denize se suicidou. A advogada, como representante da mãe da vitima defende a tese de que o professor matou a mulher. Em primeira e segunda instancia, a Justiça decidiu não levar Tomasetti a júri por entender que todas as provas técnicas indicavam suicídio. Ainda cabe recurso.
Para Liliana, uma rede de corrupção envolvendo investigadores, delegados e promotores foi criada para proteger Tomasettí. “Persistente e dona (de grande capacidade investigatória", segundo Nacif, ela fez com que os policiais respondessem ação criminal - que ainda não terminou – e representou contra os promotores na corregedoria do Ministério Público Estadual.
Outro amigo a mais de duas décadas, o presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo (ACRIMESP), Ademar Gomes, confirma o temperamento difícil, mas garante que Liliana é “cumpridora de seus deveres, criteriosa, sensata e tem um grande coração”. Segundo ele, Liliana já, atendeu de graça diversas pessoas carentes.
No departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, a advogada começou a ficar conhecida em 1992 durante o inquérito que investigou a morte da decoradora Gisele Balesteiros Ribeiro Pascini. Nele, trabalhou como assistente de acusação a pedido da família da vitima. As investigações mostraram que Gisele foi vitima do marido, o falso médico Bruno Pascini. Liliana freqüentava quase diariamente o departamento, principalmente, a sala do chefe da 1ª Delegacia de Homicídios, Marco Antonio Desgualdo, hoje delegado-geral.
Quando do primeiro julgamento do coronel Ubiratan Guimarães, em 2000, Liliana liberou uma manifestação em frente ao fórum da Barra Funda em favor da absolvição do policial. Ao Lado dela, cerca de 20 pessoas levavam cartazes defendendo a ação no Carandiru. Ela também esteve no júri que condenou em 2001 e na sessão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, que o absolveu – Carla Capollina acompanhava a mãe nesta última. No ano passado, participou, ao lado do coronel, da campanha contra a proibição da venda de armas durante o referendo do estatuto do desarmamento. (Marcelo Godoy e Laura Diniz)
Fonte: Jornal da Tarde - quarta-feira, 27 de setembro de 2006